sexta-feira, 7 de outubro de 2011

VERSOS PERENES (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   Quando escuto no agitar incessante do vento
   o assobio inclemente lá fora
   e percebo as folhas caídas
   atingidas pelo outono que aflora,
   percebo também na solidão do meu quarto
   a marcha lenta das horas
   e peço a Deus que minhas reminiscências
   se mantenham vivas, ainda que latentes,
   e que as minhas lágrimas, ainda que discretas,
   estejam sempre presentes.

   Quando escuto, em minha memória,
   o dedilhar de um piano a tanger cordas de enganos,
   percebo que as notas imploram
   por harmonias que soem urgentes
   numa melodia que se mostre a vertente
   de um amor que sobreviveu ao tempo
   por mais forte que tenha sido o lamento,
   pois só assim terá valido a pena
   alquimizar em mim toda a dor.

   E uma vez mais me aquieto e oro
   pedindo a Deus que preserve
   do lado esquerdo do meu peito
   um coração sem pudores
   e que os meus passos,
   não importa em que firmamento,
   trilhem sempre jornada repletas
   de sonhos que se prestem ao verso, 
   e que eu possa preservar a crença
   na vida que sempre valerá a pena ser vivida,
   e que eu possa honrar o meu dom.

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