quinta-feira, 13 de outubro de 2011

AO DEBRUÇAR-ME EM VERSOS (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   Ao debruçar-me em versos
   descortino segredos,
   ultrapasso barreiras,
   longínquas fronteiras,
   revelo meus medos,
   inquietudes, incertezas,
   dissolvo espessas nuvens,
   tempestades sombrias...
   E ainda assim, continua a doer,
   continua a arder e a pele ainda sangra,
   difícil de cicatrizar.

   Ao debruçar-me em versos
   quebro em mim o feitiço,
   desfaço o quebranto que emperra
   e consigo forças para continuar 
   a trilhar caminhos em desalinho,
   estreitas e acidentadas ruelas,
   madrugadas solitárias de esperas,
   e o faço de uma forma tão terna
   pois este é o meu jeito de caminhar.

   Ao debruçar-me em versos
   desentranho de mim muitas cantigas,
   gritos de amor e acalanto
   que a alma do poeta acalma,
   que o faz viajar em sonhos
   e acreditar na magia
   que seca as lágrimas que eu choro
   cicatriza em meu corpo os cortes
   e mostra que sempre valerá à pena
   escrever muitos poemas,
   se bons ou não, não importa! 
   Mantenho sempre aberta a porta,
   acreditando no que a vida tem a ofertar.


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