NALDOVELHO
Ao debruçar-me em versos
descortino segredos,
ultrapasso barreiras,
longínquas fronteiras,
revelo meus medos,
inquietudes, incertezas,
dissolvo espessas nuvens,
tempestades sombrias...
E ainda assim, continua a doer,
continua a arder e a pele ainda sangra,
difícil de cicatrizar.
Ao debruçar-me em versos
quebro em mim o feitiço,
desfaço o quebranto que emperra
e consigo forças para continuar
a trilhar caminhos em desalinho,
estreitas e acidentadas ruelas,
madrugadas solitárias de esperas,
e o faço de uma forma tão terna
pois este é o meu jeito de caminhar.
Ao debruçar-me em versos
desentranho de mim muitas cantigas,
gritos de amor e acalanto
que a alma do poeta acalma,
que o faz viajar em sonhos
e acreditar na magia
que seca as lágrimas que eu choro
cicatriza em meu corpo os cortes
e mostra que sempre valerá à pena
escrever muitos poemas,
se bons ou não, não importa!
Mantenho sempre aberta a porta,
acreditando no que a vida tem a ofertar.
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