Uma
história de vida,
muito
mais que uma lenda.
Noite
de lua cheia
que
derramada por inteira
numa
louvação a natureza
iluminava
o lugar.
Água
de cheiro no corpo,
Iracema
colhia estrelas
para
enfeitar seus cabelos
que
brilhavam qual luz de luar.
Flores
do campo, delicados jasmins,
a
roupagem mais linda
de um
perfumado jardim.
Iracema,
a bela princesa
purificava
o ambiente,
muito
incenso ali presente,
canela,
cravo e alecrim.
Foi
assim que de repente,
como
por encanto,
Iracema
sorriu satisfeita
por
conta de um bravo guerreiro
que
ao se achegar
se
lançou aos seus pés.
O
enfeitiçado homenageava
os muitos
encantos da Iara,
e dizia ter vindo dos
longes,
só para ver a princesa
mais bonita do lugar.
Trazia em seus olhos a
certeza
e em suas mãos uma
braçada de flores,
e junto, um colar de
esmeraldas
que um poeta chamado
Xangô,
mandara abençoar.
Diz a
lenda que, por pura magia,
do
colo da índia formosa
um
olho d’água brotou inquieto
e
envolveu o nobre guerreiro
que
naquela fonte matou sua sede,
purificou
o seu corpo
e por
paixão, assim, incontida,
se
perpetuou qual semente
naquele
colo nascente.
Depois
cansado da longa jornada,
dormiu
o sono dos justos
e
enquanto dormia
se
transformou em pedra,
guardião
daquela fonte
e
eternamente o companheiro,
da
mais linda entre as princesas,
filha
de Mamãe Oxum!
E o
olho d’água se eternizou nascente
e de
nascente, transbordou cachoeira
que
depois se fez em rio,
de
águas claras e envolventes
que
em suas muitas vertentes,
semeou
por aquela toda aquela terra,
muitas
vidas, outras nascentes,
filhos
que até hoje campeiam,
guardiões
dos jardins de Oxalá.
E assim me contou esta lenda,
um velho caboclo mateiro
que sentado em cima de uma pedra
dizia ser o poeta,
o senhor daquelas terras,
certamente um grande guerreiro,
que o vento, as matas e o tempo,
por amor à natureza,
resolveram perpetuar.
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