quarta-feira, 5 de outubro de 2011

AINDA AMO VOCÊ (ARQUIVO)

   NALDOVELHO
  
   Estranho é perceber
   que as sombras que hoje
   tomam conta do meu caminho
   foram semeadas por você
   e que o meu desassossego
   é fruto pacientemente colhido
   pelas noites insones,
   na saudade que me consome
   e deixa um amargo na boca,
   coisa difícil de desentranhar.

   Estranho é perceber
   a falta que eu sinto do seu veneno,
   pois loucura muita é coisa pouca,
   e não há quem possa
   trazer-me um antídoto,
   para curar a dor que trago comigo,
   dor de ausência e destrambelhamento,
   de vício que eu cultivo
   sem culpa ou arrependimento.

   Estranho é perceber
   que o coração que hoje bate,
   bate descompassado,
   muitas vezes afrontado
   por conta de tanto querer.
   E o pior, é que o seu perfume
   permanece em meus dedos,
   cheiro forte e selvagem,
   de quem um dia teve a coragem de dizer:
   não é para entender, é para aceitar,
   e depois, se puder, sobreviver.

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