NALDOVELHO
Palavras ausentes, frases
reticentes,
versos que se calam assim de repente.
Parece que o tempo conspira
para tirar do poeta o poder de
dizer
o que ele trama e sente.
Até as imagens que ferviam,
teimam em se mostrar
displicentes
e a magia de outrora
já não se faz mais presente,
pois o sentimento de quem
chora
hoje é tido, apenas, como
inconveniente,
algo que deve ficar latente...
Triste é saber que o trigo
nunca passou de semente,
triste é saber que o abrigo
já não acolhe o demente,
que a cantiga morreu esmagada
e que o meu umbigo
continua doente.
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