NALDOVELHO
Minha natureza é a imensidão
e em minhas entranhas carrego:
imagens estranhas, metáforas,
palavras acasaladas insanas,
música visceral e profana,
dormentes de trilho, caminhos,
inquietude da alma, espinhos,
sementes de trigo, moinhos...
e muita inspiração.
Gosto de caminhar pelas incertezas
das madrugadas insones e frias,
gosto do cigarro fumado sem pressa
e do mundo orvalhado lá fora
num amanhecer que não demora
a colocar ordem na casa...
Não sei bem o porquê,
tenho muito sono de manhã.
Minha sina é a de ser buscador de fronteiras,
cordilheiras, passagens, verdades
e nos desgaste das rochas ao vento
sou forja rebelde, viagem,
sou também encontro das águas,
enchente, fruto maduro, reconheço!
mas a esperança persiste nos olhos,
sem que eu saiba ao menos o porquê.
Meus versos brotam sempre repletos,
notícias, cantigas, lamentos,
que curam dor de constrangimento
e aliviam o fardo pesado
das heranças que eu trago comigo.
E a cada poema um lenitivo
para que eu possa estar sempre renovado,
e assim sendo, a cada passo,
reescrever meu destino.
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