NALDOVELHO
Há uma cicatriz dolorida
por baixo da armadura
que me cobre o corpo
e uma necessária camuflagem
a disfarçar as lágrimas
que me inundam o rosto.
Há uma história de amor
que respira delicadezas,
apesar das asperezas
que a vida nos traz
e uma verdade estampada
em cada olhar de ternura
e em cada gesto de loucura.
Há um cheiro adocicado
nas gostas de orvalho
que a noite produz
e um quê de veneno
em cada palavra indecente,
e eu a agonizar indefeso
a cada sonho de amor.
Há um quê de ironia
nas chaves que não abrem portas,
pois apesar de tudo, não importa
se um dia eu vou conseguir.
Há uma beleza imorredoura
em cada verdade que eu colho,
em cada farpa que eu dissolvo,
em cada poema que eu semeio,
em cada grito de dor.
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