NALDOVELHO
Queria poder disfarçar a dor,
como não posso, só me resta sorrir.
E então, como por esforço ou teimosia,
quem sabe até por pura fantasia,
caminho de olhos bem abertos
na busca de um bálsamo para as feridas
e de uma cura para o desencanto.
Queria poder disfarçar as lágrimas,
como não posso, só me resta o verbo
para que todos possam ver
que o que hoje eu choro,
choro em forma de versos,
copiosos poemas que falam
de quem ousou desafiar o destino
e, ao reescrevê-lo por sua conta e risco,
paga o preço de sua insensatez.
Queria poder disfarçar o peso dos anos,
como não posso, mantenho a chama acesa,
janelas abertas, e muita certeza
de que em minha bagagem carrego
a sabedoria dos magos, a pureza dos anjos
e o mapa que permitirá o caminho
de aprender com minha própria existência,
e que o perdão é só uma falácia,
uma palavra solitária e sem graça,
quando não vem embrulhada
no amor e na compreensão.
Belo na forma e conteúdo.
ResponderExcluirParabéns!