NALDOVELHO
Dedicados a
todos aqueles que
pereceram
vítimas de atos terroristas.
Por aqui, imagens distorcidas,
lágrimas que escorrem corrosivas
e um violoncelo ao fundo
a compor tristemente o cenário.
Não há nada de novo nas horas,
nada que se diga nos consola
e o vento que varre as entranhas,
expõe no homem toda a sua sanha.
Tambores martirizam os ouvidos,
despedaçam os sentidos
e um cheiro azedo e repulsivo,
mistura de corpos retorcidos,
num banho de sangue
que a cada dia se renova.
Um Teu anjo ao fundo nos lamenta e chora.
Muçulmanos, cristãos e judeus,
budistas e até empedernidos ateus,
todos passageiros de um mesmo barco,
todos filhos de um mesmo Deus.
Uma jovem senhora, a tudo assiste,
ora ao Pai, clemência para os seus filhos,
e diz que assim lhe ensinou um outro Filho:
- Perdoa-os Pai, eles não sabem o que fazem!
E não há nada de novo nas horas,
nada que se diga nos consola
e o vento que varre esta terra atiça o fogo,
espalha a chama, dissemina a guerra.
Um bando de pássaros sombrios,
embevecidos com a cena, à espera.
- Quem sabe aqueles que socorrem,
possam esquecer fragmentos desta gente?
Um bando de anjos, em revoada,
trazem mais, dilacerados corpos,
tantas almas, tantos ais.
E mais obreiros se apresentam ao socorro!
Não há nada de novo nas horas,
tudo é hoje, como era antes.
Até o fato de continuarem a Te crucificar,
diariamente, na tentativa de apagar, em nós,
todo o ensinamento que deixaste.
Nada mudou por aqui!
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