NALDOVELHO
Em seus olhos eu percebo
promessas, encontros, essências,
dose certa de desassossego,
medida e meia de carícias
e uma certa contundência
por ter se entregue por inteira
às trilhas desta vida.
Em sua boca eu prevejo
o perigo da peçonha
e um abrigo à insônia
que tanto tormento traz.
Do seu colo escorrem seivas,
dos seus seios a malícia,
pois sempre na tocaia
vivem a me desafiar.
Das coxas suadas,
orvalhadas, como queira,
preciosa e ardilosa teia
a me manter ser cativo,
entranhado, enlaçado
e em correntes feito escravo
não consigo escapulir,
minhas pernas não respondem,
presa fácil entre os dentes...
E um pouco abaixo do seu ventre,
olho d’água pulsa ardente
por esfregas ansiosas,
por entregas indecentes...
E encaixados, descuidados,
já nem sei por onde ir.
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