NALDOVELHO
Sou feito ventania
que varre do chão a folhagem
e carrega pras terras distantes:
sementes, mensagens urgentes,
cantigas, memórias, poemas,
inquietudes colhidas pela vida,
miragens, sonhos e ilusões.
Sou quem pelos caminhos procura
a fonte de tanta loucura...
Sou um viajante sem porto,
sem pátria ou abrigo.
Sou feito corredeiras de um rio,
que pela força das águas invade,
terras estranhas, selvagens
e que ao alargar em seu curso as fronteiras
altera toda a paisagem,
e por mais que não se queira,
trago comigo a renovação.
Sou também clarão de lua cheia
que em noite “trevosa” ilumina
quem pela vida campeia;
sou quem por pura magia
ensina ao viajante o caminho
que vai levá-lo a um abrigo
para que, após o repouso preciso,
possa seguir a jornada
traçada para a sua evolução.
Sou feito encosta, rochedo,
e o mar bravio é a vida,
que na arrebentação me lapida,
forjando a transformação;
sou feito rastilho de fogo
que queima e renova a paisagem,
que tira das entranhas o pecado,
a dor e o arrependimento,
e faz explodir convulsiva
a lágrima cristalizada
por tanto tempo guardada.
Eu sou a revelação!
Sou feito palavra sagrada,
sou chave que abre portas,
sou o descortinar dos segredos
que vão exorcizar em ti todo o medo.
Eu sou o amor e a compreensão.
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