sábado, 22 de outubro de 2011

MONUMENTO PRESERVADO (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   A flauta encantada que se quebrou,
   a boneca de pano que alguém rasgou,
   o encanto da cantiga que o mundo esqueceu,
   o ontem já se foi, só nos restam pedaços,
   pequenas recordações.

   O soldadinho de chumbo, o Forte Apache,
   a bola de gude, o trem elétrico (nunca tive um!),
   o menino travesso que a vida tragou,
   a esquina da rua que não se dobrou,
   a reta da haste partida num canto,
   o resto das coisas perdidas no tempo,
   ao longe os passos de quem já passou,
   hoje, é só história, contada por quem se lembrou;
   do choro perdido nas noites de medo,
   da velha casa, tantos segredos,
   meninos brincando lá no quintal.

   Pés descalços na água suja, o pito sério,
   fiquei de castigo, roupa branca no varal.
   
   É noite de lua, o rádio ligado,
   a rua deserta, já não somos os mesmos,
   e está tudo mudado, só nos restam lembranças...
   Monumento preservado!

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