NALDOVELHO
Um sorriso amargo nos lábios da noite,
uma cicatriz profunda no rosto da cidade,
uma lágrima indecisa no olho da rua,
o respirar ofegante dos carros que passam,
o suor a brotar dos poros do tempo
e o orvalho que cai e molha o asfalto.
A porta do bar, teimosamente aberta,
um violão mal tocado, uma voz arrastada,
provavelmente embriagada, desafinada,
desenterra velhas canções,
velhas dores e muita saudade.
O amanhecer que não demora,
já é madrugada, o dia desperta,
e em seus braços um sol bem dourado
num sorriso aberto que explode, renova,
e cala a voz do violão, fecha a porta do bar
e traz às ruas uma nova esperança.
É um novo dia que se inicia
nos passos rápidos dos que despertam
com as mesmas notícias de todos os dias.
Um café bem forte, um cigarro aceso,
uma boa e refletida tragada,
vou pro meu quarto, cansado,
vou dormir, vou sonhar.
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