quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MEU JEITO DE SER (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Vivo de catar meus cacos
   e pacientemente os remendo,
   nem sempre bem remendados,
   às vezes mal encaixados,
   em outras faltam pedaços,
   mas ainda assim dá para viver.

   Quando eu me faço eremita,
   busco a energia na fonte,
   tento curar as feridas,
   desencravar do espírito os espinhos,
   pois por mais doloroso que seja,
   eu preciso continuar a crescer.

   Por isto resisto ao ocaso,
   fazendo com que a minha face enrugada
   possa te parecer sorridente
   a denunciar o ser que existe
   e que muito vai demorar a morrer.

   Quando vou ao passado
   rever minhas histórias, guardados,
   é para dissolver mágoas,
   destilar lamentos,
   alquimizar minha dor.

   E aí surgem os poemas,
   versos que na realidade transpiram,
   palavras, emoções, sentimentos,
   de onde tiro o antídoto
   contra o desespero e o desencantamento.

   E assim vou vivendo,
   mantendo viva a esperança
   e preservando nos olhos o brilho,
   pois penso que a vida é um privilégio
   que só o caminho nos fará merecer.

Um comentário:

  1. O escrever nos faz bem; Cura nossa alma, massageia nosso coração. Amei poeta "Meu jeito de ser." Um abraço

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