NALDOVELHO
Vivo de catar meus cacos
e pacientemente os remendo,
nem sempre bem remendados,
às vezes mal encaixados,
em outras faltam pedaços,
mas ainda assim dá para viver.
Quando eu me faço eremita,
busco a energia na fonte,
tento curar as feridas,
desencravar do espírito os espinhos,
pois por mais doloroso que seja,
eu preciso continuar a crescer.
Por isto resisto ao ocaso,
fazendo com que a minha face enrugada
possa te parecer sorridente
a denunciar o ser que existe
e que muito vai demorar a morrer.
Quando vou ao passado
rever minhas histórias, guardados,
é para dissolver mágoas,
destilar lamentos,
alquimizar minha dor.
E aí surgem os poemas,
versos que na realidade transpiram,
palavras, emoções, sentimentos,
de onde tiro o antídoto
contra o desespero e o desencantamento.
E assim vou vivendo,
mantendo viva a esperança
e preservando nos olhos o brilho,
pois penso que a vida é um privilégio
que só o caminho nos fará merecer.
O escrever nos faz bem; Cura nossa alma, massageia nosso coração. Amei poeta "Meu jeito de ser." Um abraço
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