NALDOVELHO
No chão um baralho suado
faz a ronda e diz adeus.
Um sete e uma dama,
dedos ligeiros, confessos
e a banca mais uma vez se impõe.
Num gesto rápido
um golpe certeiro desfaz a trama.
Fino corte que a navalha reclama,
expõe a carne, secciona,
lado direito do pescoço,
jugular e sangue, muito sangue...
Do outro lado, na outra quina,
esquina da encruzilhada, que sina!
Um homem a tudo assiste e sorri.
Terno de linho e sapatos brancos,
Chapéu Panamá, camisa de seda,
tudo respingado de sangue.
Não foi ele o autor!
Mas certamente o inspirou.
Logo-logo, muita serragem,
folhas de jornal, camuflagem,
quatro velas acesas...
Tudo muito bem encomendado!
Como faz jus um malandro
que a sanha da navalha levou.
Amanhece e quem passa
desconhece o motivo ou o autor
e sussurrando entre dentes
diz que bem provavelmente,
foi mais um acerto de contas
que ninguém testemunhou.
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