NALDOVELHO
É nas
entrelinhas que a razão se desalinha,
se desarruma
e por definição definha.
É nas
entrelinhas que a paixão nos embaraça
e
insanamente se atrita, e o coração,
coitado!
fica aflito e apertado,
mal cabendo
do lado esquerdo do peito
por conta de
enredos complicados...
E não
adianta dizer não!
Você fica ao
vento ao sabor do inesperado,
perde o
senso e o equilíbrio, fica sem opção.
É nas
entrelinhas que brota a inquietude,
alerta que
ensina que já não existe abrigo,
e que você
está por sua conta e risco
a caminhar
por uma estrada acidentada,
e tomado
este rumo não se pode mais escapar.
Por mais que
você negue e se esconda,
o danado do
sentimento fica lá dentro
entranhado
como o som de um violino cigano,
como um
cheiro visceral e profano,
e não se
sabe nunca até quando...
E arde,
sangra, incomoda,
mas ainda
assim, é nas entrelinhas
que o poeta
costuma se alimentar.
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