NALDOVELHO
Sou coração inquieto e sempre, e sempre, insurreto,
sou o que restou da luta entre o vento e o deserto,
sou coisa sem dono, sem rumo e sem trilho
e o meu mundo é um sonho sem começo e sem fim.
Quando olho o distante não meço o perigo,
e o meu tempo é o eterno vagar sem abrigo.
Meu caminho é de pedras, cascalhos, rochedos,
sou espírito que tropeça e se ergue sem medo,
sou a razão e a loucura, sou a libertação!
Não sou um poeta na flor dos meus ais,
materializo apenas o que vivo e teimo
e a minha memória é o registro sagrado
do aprendizado que a existência me traz.
Sentimento nostálgico que invade a tarde,
sou erva ardida que cura a ferida,
sou alma guerreira, meu anjo que o diga!
Quando eu canto, meu canto é um grito,
um alerta, um brado, um chamamento ao aflito,
pois é sina do homem caminhar em vertentes,
inundar a planície, germinar a semente,
transformar o hostil no fértil ao semeio
e é assim que eu caminho, penso e creio,
crescer na existência e encontrar a paz.
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