sexta-feira, 21 de outubro de 2011

UM CORPO NA RUA (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   Olha o crime na rua, olha o corpo estendido...

   Alguém que passava na hora contou o que viu,
   não o que provocou, apenas como foi.

   No começo da madrugada, fronteira de um novo dia,
   um encontro entre amigos, pelo menos pareciam!

   Uma saudação calorosa, algumas palavras vazias
   e dois tiros no peito!

   Quem matou?
   Um homem branco de média idade e estatura.
   Quem contou não o conhecia.

   Quem morreu?
   Um tal Cutia, homem novo, cheio de vida
   e pelo que se comenta, cheio de mortes também!

   Jogaram um pano em cima, algumas velas acesas,
   uma oração feita às pressas...

   Nessas horas sempre surge uma alma caridosa.

   Agora está lá a espera que o levem pro necrotério.

   Foi só mais um crime, certamente um acerto de contas,
   dívida antiga que quase ao nascer do dia alguém cobrou.

   Logo mais, certamente, a notícia num matutino qualquer...

   Mais uma morte sem solução:
   homem pardo, aparentando trinta e poucos anos...

   Diretamente dos intestinos da cidade,
   crônica de uma madrugada violenta.   

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