quinta-feira, 6 de outubro de 2011

VISCERAL (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   A luz que brota do teu olhar
   é como lâmina afiada
   a fatiar minha carne
   e me transforma num louco
   a caminhar em círculos
   até desfalecer.

   O suor que brota dos teus poros
   é como se fosse ácido
   a penetrar em minha armadura
   e queima a minha pele,
   doce martírio de te querer!

   O cheiro que brota do teu corpo
   é perfume selvagem, é viagem
   por caminhos estranhos, insanos,
   e me transforma em indefesa presa,
   caça acuada em martírio,
   animal no cio, prazer.

   A água que eu bebo nos teus lábios
   é como se fosse veneno
   que se espalha pelo meu corpo,
   e me enfraquece pouco a pouco,
   me transformando num escravo
   e nada há que eu queira ou possa fazer.

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