quarta-feira, 5 de outubro de 2011

BANHADO À ALFAZEMA (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   Eu vou te fazer um feitiço
   e vai ser banhado à alfazema,
   perfume que eu tanto gosto!
   Vai ser feito em noite de lua crescente
   que é pro o amor que eu pretendo,
   crescer até não mais poder
   e vai ser ao som de um blues,
   para que possas perceber
   o tamanho da minha dor.

   Eu vou te fazer um encantamento
   e vai ser de longo e delicado preparo...
   Vai ter monsenhor branco,
   uma garrafa de vinho tinto
   e outra de vinho branco,
   castiçais com velas acesas,
   penumbra aconchegante de um quarto,
   e poesia, muita poesia!

   Vai ter ponta de dedos
   acariciando teu corpo,
   roçar suave de dentes
   no bico dos seios,
   lábios e mãos dedicadas...
   preliminar do orgasmo
   e o suor do seu corpo
   misturado ao suor do meu corpo,
   e muita, muita ternura;
   sem ela, este tipo de feitiço,
   não vinga, não consegue sobreviver.

   Eu vou te fazer um feitiço,
   um que me faça capaz
   de entrelaçar-me ao teu corpo
   e assim enroscados possamos
   dançar de um jeito visceral e indecente;
   primeiro com passos lentos e suaves,
   depois, em crescente apressados,
   mais rápidos, intensos e aconchegados,
   até que se derrame o prazer.

   Eu vou te fazer um feitiço,
   um que seja capaz de deixar marcado 
   em teu corpo o meu gosto,
   coisa para nunca mais esquecer.
   E vou fazer-te só minha e garanto:
   para que fiques bem amarrada,
   enfeitiçar-me também!

   A chave para desfazer o feitiço?
   Vai estar num compartimento guardada,
   mais para o lado esquerdo do peito,
   lugar de tão difícil acesso e segredo
   que nem eu mesmo possa encontrar.

   Eu vou te fazer um feitiço,
   e tomara Deus eu possa
   merecer o teu bem querer.

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