domingo, 2 de outubro de 2011

EM CADA GRITO DE DOR (LUZ E SOMBRAS)

   NALDOVELHO

   Há uma cicatriz dolorida
   por baixo da armadura
   que me cobre o corpo
   e uma necessária camuflagem
   a disfarçar as lágrimas
   que me inundam o rosto.

   Há uma história de amor
   que respira delicadezas,
   apesar das asperezas
   que a vida nos traz
   e uma verdade estampada
   em cada olhar de ternura
   e em cada gesto de loucura.

   Há um cheiro adocicado
   nas gostas de orvalho
   que a noite produz
   e um quê de veneno
   em cada palavra indecente,
   e eu a agonizar indefeso
   a cada sonho de amor.

   Há um quê de ironia
   nas chaves que não abrem portas,
   pois apesar de tudo, não importa
   se um dia eu vou conseguir.

   Há uma beleza imorredoura
   em cada verdade que eu colho,
   em cada farpa que eu dissolvo,
   em cada poema que eu semeio,
   em cada grito de dor.

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