sexta-feira, 21 de outubro de 2011

MINHA NATUREZA (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   Minha natureza é a imensidão
   e em minhas entranhas carrego:
   imagens estranhas, metáforas,
   palavras acasaladas insanas,
   música visceral e profana,
   dormentes de trilho, caminhos,
   inquietude da alma, espinhos,
   sementes de trigo, moinhos...
   e muita inspiração.

   Gosto de caminhar pelas incertezas
   das madrugadas insones e frias,
   gosto do cigarro fumado sem pressa
   e do mundo orvalhado lá fora
   num amanhecer que não demora
   a colocar ordem na casa...
   Não sei bem o porquê,
   tenho muito sono de manhã.

   Minha sina é a de ser buscador de fronteiras,
   cordilheiras, passagens, verdades
   e nos desgaste das rochas ao vento
   sou forja rebelde, viagem,
   sou também encontro das águas,
   enchente, fruto maduro, reconheço! 
   mas a esperança persiste nos olhos,
   sem que eu saiba ao menos o porquê.

   Meus versos brotam sempre repletos,
   notícias, cantigas, lamentos,
   que curam dor de constrangimento
   e aliviam o fardo pesado
   das heranças que eu trago comigo.
   E a cada poema um lenitivo
   para que eu possa estar sempre renovado,
   e assim sendo, a cada passo,
   reescrever meu destino.

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