domingo, 23 de outubro de 2011

NOS LÁBIOS DA NOITE (ARQUIVO)


   NALDOVELHO

   Um sorriso amargo nos lábios da noite,
   uma cicatriz profunda no rosto da cidade,
   uma lágrima indecisa no olho da rua,
   o respirar ofegante dos carros que passam,
   o suor a brotar dos poros do tempo
   e o orvalho que cai e molha o asfalto.

   A porta do bar, teimosamente aberta,
   um violão mal tocado, uma voz arrastada,
   provavelmente embriagada, desafinada,
   desenterra velhas canções,
   velhas dores e muita saudade.

   O amanhecer que não demora,
   já é madrugada, o dia desperta,
   e em seus braços um sol bem dourado
   num sorriso aberto que explode, renova,
   e cala a voz do violão, fecha a porta do bar
   e traz às ruas uma nova esperança.

   É um novo dia que se inicia
   nos passos rápidos dos que despertam
   com as mesmas notícias de todos os dias.
   Um café bem forte, um cigarro aceso,
   uma boa e refletida tragada,
   vou pro meu quarto, cansado,
   vou dormir, vou sonhar.

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