quinta-feira, 13 de outubro de 2011

É NAS ENTRELINHAS (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   É nas entrelinhas que a razão se desalinha,
   se desarruma e por definição definha.

   É nas entrelinhas que a paixão nos embaraça
   e insanamente se atrita, e o coração,
   coitado! fica aflito e apertado,
   mal cabendo do lado esquerdo do peito
   por conta de enredos complicados...
   E não adianta dizer não!
   Você fica ao vento ao sabor do inesperado,
   perde o senso e o equilíbrio, fica sem opção.

   É nas entrelinhas que brota a inquietude,
   alerta que ensina que já não existe abrigo,
   e que você está por sua conta e risco
   a caminhar por uma estrada acidentada,
   e tomado este rumo não se pode mais escapar.

   Por mais que você negue e se esconda,
   o danado do sentimento fica lá dentro
   entranhado como o som de um violino cigano,
   como um cheiro visceral e profano,
   e não se sabe nunca até quando...

   E arde, sangra, incomoda,
   mas ainda assim, é nas entrelinhas
   que o poeta costuma se alimentar.

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