segunda-feira, 31 de outubro de 2011

UM BELO POEMA ÀS VEZES MACHUCA (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   Muitas verdades, tantas perguntas,
   minhas procuras, minhas angustias.
   Belos poemas não são teoremas.

   Não deixe que a chama se apague em meus olhos,
   não deixe que a cinza tome conta da casa,
   não deixe que a esfinge devore a mulher.

   Mantenho sempre a porta entreaberta,
   não te abandono apesar da saudade,
   quando arder te imagino almofada,
   te aperto, te beijo, te coloco entre as pernas,
   num verso, um orgasmo, o lençol todo molhado,
   continuo excitado e não sei o que dizer!

   Acendo um cigarro, e o que eu trago é amargo.
   Só mesmo um bom tango define o que é ter
   alguém do meu lado e ao mesmo tempo não ter.

   De minha janela percebo a cidade,
   já são quatro e meia, daqui a pouco amanhece.
   Um belo poema às vezes machuca.
   
   A tua ausência me deixa maluco,
   se eu grito, estás longe e eu sei não me escutas.

   Já são cinco horas, o sol se prepara,
   o dia se assanha, a noite vai embora...
  
   Quanta bobagem!
   Foi só mais uma noite 
   e o jeito é começar tudo outra vez.

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