sábado, 22 de outubro de 2011

MIRAGEM (ARQUIVO)

   NALDOVELHO

   A água que brota do teu corpo,
   é como a maldita cachaça:
   embriaga, envenena,
   mas não consigo deixar.

   O fogo que queima meu corpo
   já faz parte da minha vida,
   arde, consome e me leva ao delírio.
   Enlouqueço na ausência dessa dor.

   Levanto da cama, vou até a janela,
   acendo um cigarro, aspiro a fumaça,
   esbarro na vidraça, volto pra cama,
   e escondido em teu colo,
   me embaraço em teus cabelos,
   desesperam-me teus apelos
   e eu não consigo mais pensar.

   Depois, vais embora...
   Entristeço-me na tua ausência,
   faz-me pensar que és miragem,
   difícil de alcançar.

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