domingo, 16 de outubro de 2011

JÁ NEM SEI POR ONDE IR (ARQUIVO)

   
NALDOVELHO

   Em seus olhos eu percebo
   promessas, encontros, essências,
   dose certa de desassossego,
   medida e meia de carícias
   e uma certa contundência
   por ter se entregue por inteira
   às trilhas desta vida.

   Em sua boca eu prevejo
   o perigo da peçonha
   e um abrigo à insônia
   que tanto tormento traz.

   Do seu colo escorrem seivas,
   dos seus seios a malícia,
   pois sempre na tocaia
   vivem a me desafiar.

   Das coxas suadas,
   orvalhadas, como queira,
   preciosa e ardilosa teia
   a me manter ser cativo,
   entranhado, enlaçado
   e em correntes feito escravo
   não consigo escapulir,
   minhas pernas não respondem,
   presa fácil entre os dentes...

   E um pouco abaixo do seu ventre,
   olho d’água pulsa ardente
   por esfregas ansiosas,
   por entregas indecentes...
   E encaixados, descuidados,
   já nem sei por onde ir.

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