NALDOVELHO
Uma coisa fica insistentemente a
martelar minha cabeça. Um pequeno e insignificante objeto esquecido na pressa,
depois de uma rápida conversa.
Segunda de manhã, café bem forte e
quente, um cigarro prazerosamente compartilhado, você pegou sua bolsa e disse
assim, meio aborrecida: - já vou, já é hora, preciso ir embora!
Parece besteira que por tão pequeno
objeto, somado ao seu cheiro repleto, que eu confesso, perpetuei em meus
sonhos, possa eu, me permitir à ousadia de ficar aqui a imaginar o quanto
seria bom viver ao seu lado e de um jeito sem pressa, sentimentos apaziguados, nada
mais de esperas, tão pouco, cidade nublada. Desculpe, eu preciso acreditar!
Hoje já é sexta de entardecer
ensolarado, outono lá fora e a primavera aqui dentro, insiste, daqui a pouco é
sábado e aquele pequeno objeto a trazer a esperança de que por mais que você
esteja distante, vá chegar de repente com aquele sorriso nos olhos, a dizer
assim meio sem graça: - achou minha escova de dente? Deixei no armário do
banheiro, ainda está por lá?
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