terça-feira, 22 de janeiro de 2013

ENTERRA UM, NASCE OUTRO - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS


    NALDOVELHO

   E existia aquela rua,
   quase toda arborizada.
   Casas bonitas,
   muitas assobradadas,
   com seus jardins, com seus quintais.
   No final da rua uma capela,
   Santo Antônio dos Milagres.
   No segundo quarteirão,
   lado direito de quem sobe,
   número cinquenta e quatro...
   Cecília!
   Naquela casa,
   nem bem tinha feito dezoito anos,
   embaixo de uma amoreira,
   enterrei meu coração.
   Andava entristecido pelas ruas,
   serenatas patéticas, ardidas,
   dor de coisa descabida...
   Até hoje guardo as marcas,
   feridas que eu não escondo.
   É bem verdade que no oco do meu peito
   nasceu outro coração.
   E depois, mais outro...
   Com o passar do tempo, 
   muitos outros!
   Poeta é assim!
   Enterra um, nasce outro.
   E haja corações!

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