NALDOVELHO
Numa língua
estranha,
um menino em
versos
falava de coisas
tantas,
mas não conseguíamos
compreender.
E ele apontava para a
sua janela
e pedia que
tirássemos a tramela,
depois para a porta e
perguntava:
alguém se importa?
Achávamos aquilo
engraçado,
mas não parávamos
para procurar saber.
Depois de algum tempo
caminhou suavemente,
desceu a rua e
desapareceu
como por encanto.
Mas deixou no ar o
seu perfume
e muitas pétalas espalhadas
em frente a sua porta,
o que de certa forma
nos incomodava,
pois nos mostrava alguma
coisa
que ainda não sabíamos
perceber.
Dentro de casa, você chorava,
pois não mais lembrava
dos significados,
e não conseguia
descobrir
onde havia escondido
a chave,
nem como retirar a
tramela!
Tão pouco percebia
que daquele dia
em diante todas as
tardes, à mesma hora,
o menino diante da sua
casa chorava,
e pedia que arrombássemos
a porta,
pois aberta,
conseguiríamos perceber
o amor que existia em
seu ser.
Numa língua estranha
um menino em versos
falava
e nenhum de nós
conseguiu compreender.
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