sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

UM MENINO EM VERSOS - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS


   NALDOVELHO

   Numa língua estranha, 
   um menino em versos 
   falava de coisas tantas, 
   mas não conseguíamos compreender. 
   E ele apontava para a sua janela
   e pedia que tirássemos a tramela,
   depois para a porta e perguntava:
   alguém se importa?
   Achávamos aquilo engraçado,
   mas não parávamos para procurar saber.


   Depois de algum tempo
   caminhou suavemente,
   desceu a rua e desapareceu
   como por encanto.
   Mas deixou no ar o seu perfume
   e muitas pétalas espalhadas
   em frente a sua porta,
   o que de certa forma nos incomodava,
   pois nos mostrava alguma coisa
   que ainda não sabíamos perceber.

   Dentro de casa, você chorava,

   pois não mais lembrava dos significados,

   e não conseguia descobrir

   onde havia escondido a chave,

   nem como retirar a tramela!
   Tão pouco percebia que daquele dia

   em diante todas as tardes, à mesma hora,

   o menino diante da sua casa chorava,
   e pedia que arrombássemos a porta,

   pois aberta, conseguiríamos perceber
   o amor que existia em seu ser.


   Numa língua estranha

   um menino em versos falava

   e nenhum de nós conseguiu compreender.

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