domingo, 20 de janeiro de 2013

METAMORFOSES - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

































NALDOVELHO

Tem dias que eu me sinto 
mar revolto a fustigar encostas 
e então modifico paisagens 
por todos os cantos e lados, 
recantos deste meu lugar.

Tem dias que eu me sinto 
tempestade, céu escuro e nublado, 
horizonte sombrio, pouca visibilidade; 
como se algo dentro de mim se pusesse 
a gritar a dor que a transformação me traz.

Tem dias que eu me sinto 
vento varrendo da cidade 
as sobras deixadas pelo tempo, 
tirando do cenário a poeira 
segmentada por anos de solidão.

Tem dias que eu viro pedra 
e sofro com a inquietude dos ventos, 
e com as águas de um rio barrento, 
e vejo meu corpo pouco a pouco, 
sendo desgastado, sem nada poder fazer.

Tem dias que eu sou 
embarcação no açoite, 
a navegar contra as correntes 
em busca de porto seguro, 
onde eu possa enfim encontrar a paz.

Tem dias que eu me sinto 
caminho acidentado, 
alguns poucos abrigos, pousadas, 
que eu penso seguras para o viajante, 
na jornada em direção ao seu lar.

Tem dias que eu sou andarilho 
a vagar por entre enredos vividos 
e o que ficou foi só a saudade, 
que às vezes eu chamo de esperança 
de um dia poder Te reencontrar.

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