NALDOVELHO
Pequeninas
pedras, delicadas gemas,
emoções
cristalizadas, preciosas memórias.
Eu
as guardo em segredo, lado esquerdo do peito
e
as levo para todo o lado como se fossem talismãs.
Momentos
que eu tenho, cuidadosamente lapidados,
de
encaixe perfeito, são partes de um todo
um
tanto ou quanto sofrido a quem eu chamo de ser.
São
fatos, retratos, imagens, histórias,
são
tramas, são dramas, emaranhados de enredos,
que
ardem, que doem, toca a vez que eu toco,
que
derramam poemas, toda a vez que eu os penso.
E
quando acontece de derramarem-se os versos,
parte
desses guardados se transmutam em água
que
escorrem pelo rosto a mostrar todo o esforço
de
parir liquefeitos, preciosos pedaços.
Ao
fazê-lo, por certo, estanco o sangue, curo feridas,
e
compreendo o porquê das asperezas desta vida.
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