terça-feira, 8 de janeiro de 2013

SERES ESTRANHOS (LUZ E SOMBRAS)

     NALDOVELHO

    Em volta daquela mesa
    todas as noites se reúnem,
    artistas, boêmios, vadios,
    prostitutas, palhaços, bandidos
    seres tão sofridos
    que cantam feito ciganos
    e sonham como crianças,
    com toda a sorte de coisas
    que a vida resolveu lhes negar.
    São amantes safados,
    poetas, depravados,
    seres malditos, temidos
    e ainda assim tão queridos,
    dá até gosto de se ver:
    o brilho ousado nos olhos,
    o sorriso que brota, abusados,
    sem vergonhas, espinhos cravados,
    sem dúvida seres estranhos,
    que ao anoitecer se encontram
    e ao amanhecer dispersam,
    vão não sei bem pra onde!
    Acho que se escondem,
    tementes à luz do sol.

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