quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O RELÓGIO (ARQUIVO)


     NALDOVELHO

    Sua presença nesta sala de espera
    me deixa inquieto, me desespera.
    Você fica circulando, rodando e marcando
    com seus passos nervosos e a sua voz irritante,
    avisando que não há mais tempo!
    Você não para, não descansa
    e só vive para atrapalhar meus sonhos.
    Toda vez que eu olho você fala nervoso
    do tempo que falta, que não se pode perder tempo,
    ou que ainda há muito tempo.

    Já sei que falta tanto e que há muito e pouco tempo.
    Já sei que o tempo voa e que não há jeito de voltar.
    Vê se para de marcar, pois já não interessa o quanto.
    Vê se desliga, vai se trancar em outra sala,
    se quiser eu mesmo te tranco e jogo fora a chave!

    Talvez assim eu consiga estar em vez de esperar,
    viver sem me preocupar em ficar.

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