domingo, 20 de janeiro de 2013

BASTA SABER DESEMBRULHAR - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS



Sem que eu soubesse explicar o porquê, o dia amanheceu ensolarado, pássaros agitados num céu azul cristalino, descaradamente iluminado e a janela do meu quarto, escancarada, a tudo assistia, e concedia, e permitia, como se quisesse mostrar que o amanhecer desconhece minhas verdades e malcriadamente desobedece minha vontade.

Uma suave brisa a invadir o quarto, um cheiro agradável e até certo ponto nostálgico. Um café recém-passado a afugentar a preguiça, testemunha evidente de uma noite mal dormida e assombrada pela insônia, companheira de tantos e tantos anos.

Lavar o rosto, escovar os dentes... Um banho até que cai bem! Caminhar um pouco, dar uma volta no Horto, admirar as plantas, algumas preguiçosas, outras exuberantes... Quem sabe eu aprenda um pouco? Quem sabe num passe de mágica eu possa voltar a ter sete, oito anos e a minha inocência de volta? Pois trilhar tudo de novo é coisa que não me assusta e certamente eu faria de outro jeito para que a dor que hoje me habita não se fizesse mais presente. E é claro! Seriam novas escolhas, caminhos diferentes.

Tão bom se houvesse esse novo dia, e eu pudesse reinventar a alegria e não ser mais um poeta! Poderia, então, ser um pintor de muitos matizes, de belas e iluminadas imagens, que nos mostrassem que o raiar de outro dia é a mais concreta garantia de que o novo é sempre um bom presente, basta saber desembrulhar.

NALDOVELHO

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