NALDOVELHO
Não
quero mais saber desta cidade
que
deixou de sonhar e nem sente saudade,
não
quero mais o cheiro do asfalto,
em
cada esquina um susto, um assalto,
e
por mais que eu tenha tomado cuidado,
só
me restaram poemas para serem roubados.
Não
quero mais saber destas algemas,
não
quero viver mais neste dilema,
já
nem sei quantos anos de trabalhos forçados,
escrevendo
poemas para ficar nos guardados,
fazendo
canções e ficando calado,
ficando
cansado e dormindo acordado.
Preciso
molhar meu corpo no orvalho,
abraçar
teu corpo, ser teu agasalho,
andar
pelas ruas sem ser alvejado,
viver
bem tranquilo, andar desarmado,
escrever
um romance, poder ser amado,
criar
os meus filhos, viver libertado.
Eu
quero poder falar do futuro,
acender
uma luz, clarear o escuro,
resgatar
no meu rosto um sorriso criança,
falar
ao inimigo que é possível sermos amigos,
quebrar
as correntes, sair do castigo.
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