quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

UM ANJO CUJO O NOME É SEGREDO (PROSA POÉTICA)




NALDO VELHO

Tem dias que eu acordo meio amuado, pensativo e acabrunhado, achando que a minha poesia se perdeu por desvios, trilhou atalhos errados na ilusão de que ali adiante existia um rio que iria matar minha sede de falar as coisas que eu penso, e outras que tanto quero e que por ser um poeta eu sonho, e que por conta de tantas amarras eu nunca vivi.

Tem dias que as palavras brotam vazias, ocas de significados e aí surgem lá das funduras, uma agonia e gastura danadas, de achar que não mais vale a pena ficar debruçado em versos, a tentar desencravar meus cacos e a tirar das entranhas os espinhos, pois quem sabe a dor que me habita pudesse abrir um novo caminho e mostrar pra toda essa gente que a poesia apesar de um dom, é também uma maldição.

Nesses dias eu fico calado, a observar a palavra estranha, expelida impensada e afiada, em diálogos vazios, e entrecortados, que circulam com força tamanha sem a preocupação de buscar-se a verdade, o entendimento e a compreensão. E cada vez mais eu me calo, fico tristonho e arredio, fazendo força para ignorar meus versos, pois certamente o que eu penso nada irá acrescentar.

Só que de repente me surge um anjo, cujo nome eu mantenho em segredo, a mostrar que esse dia é o contraste pelo qual o verbo transita quando em busca da razão se conflita e faz aguçar a nossa percepção. Ainda bem que viestes em meus sonhos, a mostrar que a sensibilidade impera, nos braços da mulher amada, no colo quente da amante e no beijo molhado do orgasmo, pois o amor que hoje eu tenho é fonte preciosa e tamanha, a provar que a poesia é sagrada e que dela eu não posso abrir mão.

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