sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

AQUELE QUE SE FAZ DE MORTO (ARQUIVO)


    NALDOVELHO

    Aquele que se faz de morto,
    em silêncio esconde a lágrima
    e ao negar seu pranto,
    apenas se anestesia
    para não permitir
    que a danada da nostalgia
    lhe invada o corpo.

    Morde os lábios
    para calar o canto
    e cola em seu rosto
    um sorriso frouxo,
    tipo calmaria, coisa vazia,
    que aborta na nascente
    tudo aquilo que um dia
    poderia ter sido poesia.
    
    Ou então faz da dor, ferida latente
    que vez por outra incomoda,
    mas não o suficiente,
    só que em suas entranhas crescem
    emaranhados de teias
    e ele nem sente,
    até virar apenas um nome
    escrito sobre a pedra fria.

    Aquele que se faz de morto,
    só encontra em seus sonhos
    desconexas paisagens,
    e não se entrega a viagens,
    não se permite à coragem
    e destrói suas raízes,
    vira um simples adorno,
    uma bobagem.

    Aquele que se faz de morto,
    nega o conflito à razão
    e em coma induzido se esconde
    e não se permite à paixão.

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