NALDOVELHO
   Vivo de traçar rumos, 
   exploro atalhos, clareiras, 
   arrisco-me em íngremes ribanceiras, 
   às vezes ferozes corredeiras, 
   não raro, escorrego e caio. 
   E assim vou, meio sem eira nem beira, 
   como quem ainda não sabe aonde chegar.
   Vivo de construir abrigos, lugares seguros 
   e preguiçosamente deixo o tempo passar. 
   Às vezes caminhar não é preciso. 
   Há momentos que a reflexão é o melhor lugar, 
   e até que a borrasca passe, melhor não arriscar.
   Sei que sou assim! 
Estradeiro, inquieto, solitário 
   e às vezes um tanto ou quanto incerto... 
   Gosto de me sentir descompromissado 
   e sei que a liberdade tem um preço, 
   que dia a dia eu pago sem reclamar.
   Às vezes conheço alguém pelo caminho, 
   travo amizade, confidencio verdades, 
   busco abrir-me ao sentimento... 
   Depois, pé na estrada, outra vez, 
   pois esta caminhada promete ser longa 
   e eu ainda tenho muito que trilhar.  
   Sem pressa!  Pois apressado,
corro o risco de tropeçar. 
   Não que eu tenha medo dos tropeços, 
   mas sempre que posso costumo evitar.
   Quem quiser acompanhar meus passos, 
   pode se sentir à vontade...   
   Mas tenha sempre muito cuidado, 
   pois as trilhas, que eu às vezes tomo, 
   podem dar em nenhum lugar.
   E assim vou tocando a vida. 
   Este é o meu jeito de caminhar.

 
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