NALDOVELHO
    Somos
almas perdidas por atalhos, escolhas, 
    trilhas
confusas, desconexas; 
    somos
a aflição e a agonia 
    de
um emaranhado de versos 
    que
buscam aplacar as tempestades 
    que
existem dentro de nós.
    Somos
a encruzilhada e o desvio, 
    a
fronteira distante e a bússola desgovernada, 
    o
moinho de vento que venta ao contrário, 
    a
tempestade no meio da tarde, 
    o
vento forte e bravio,
    e
da palavra o seu fiel relicário; 
    seres
lançados à própria sorte.
    Somos
a busca que brota insurrecta, 
    a
coerência dos insanos e a verdade dos profetas, 
    a
heresia dos magos e a adoração dos profanos, 
    lembrança
de um tempo de sonho e fantasia, 
    dias
e noites em busca de um remédio 
    que
possa apaziguar em nós a rebeldia.
    Somos
construtores do imaginário, 
    janelas
e portas sem trincos, tramelas, 
    e
em noites de lua a nostalgia, 
    alimento
necessário ao nosso desgoverno, 
    e
para o adormecido o desassossego, 
    somos caçadores
da ilusão!
    Somos
a partida, o caminho e o até breve, 
    o
pesadelo que assombra o guerreiro, 
    a
estalagem, a acolhida e o descanso 
    daqueles
que vivem em desterro, 
    mergulhados
no passado, acorrentados à solidão.
    Somos
o que somos e ainda assim 
    escrevemos
poemas que falam da saudade 
    e
do amor que se sente, 
    da
lágrima derramada convulsiva 
    toda
a vez que sonhamos com um novo caminho, 
    somos
a amplitude e a coragem 
    de
seguir viagem em busca da libertação.

 













