NALDOVELHO
Por
trilhas, atalhos, estradas que eu tramo,
estreitas
passagens, geladas, desertas,
contorcidas
raízes, emaranhadas, sem vida,
pedras
soltas, cascalhos, feridas,
sombras
que tecem a tocaia que eu temo.
Suspeitas
revelam, assombros, entranhas,
guardados
que eu teimo, que incomodam e arranham.
Sou
em mim mesmo o acerto e o engano,
um
pote lacrado, de gemas, tesouros
e
uma serpente sibila enroscada num trono.
Na
beira do abismo tem limo, tem perdas,
tem
quedas, espinhos, essência da dor
de
ausência e abandono, já nem sei onde estou!
Uma
roseira espinhenta a enfeitar-me o caminho,
pesadelos
que eu trago, doloridos comigo.
Águas
que brotam, nascentes nas pedras
e
um braço de rio me leva daqui,
o
ancoradouro nos longes, do outro lado da vida.
Navegar,
adernar e depois naufragar,
o
ciclo completo da terra e do mar.
Na
dança dos quatro elementos que cremos,
versos
soltos, confusos, tão plenos.
O
fogo consome, a água redime,
a
pedra acalma, aquece e abriga
e
o ar nos permeia e a tudo equilibra.
Queria
encontrar num oráculo a chave
da
porta que eu tenho dentro de mim.
Quem
sabe as visões que eu sonho e proponho,
possam
revelar-me o princípio e o fim?
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