quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

MEU JEITO DE CAMINHAR (ARQUIVO)


    NALDOVELHO

   Vivo de traçar rumos,
   exploro atalhos, clareiras,
   arrisco-me em íngremes ribanceiras,
   às vezes ferozes corredeiras,
   não raro, escorrego e caio.
   E assim vou, meio sem eira nem beira,
   como quem ainda não sabe aonde chegar.

   Vivo de construir abrigos, lugares seguros
   e preguiçosamente deixo o tempo passar.
   Às vezes caminhar não é preciso.
   Há momentos que a reflexão é o melhor lugar,
   e até que a borrasca passe, melhor não arriscar.

   Sei que sou assim!  Estradeiro, inquieto, solitário
   e às vezes um tanto ou quanto incerto...
   Gosto de me sentir descompromissado
   e sei que a liberdade tem um preço,
   que dia a dia eu pago sem reclamar.

   Às vezes conheço alguém pelo caminho,
   travo amizade, confidencio verdades,
   busco abrir-me ao sentimento...
   Depois, pé na estrada, outra vez,
   pois esta caminhada promete ser longa
   e eu ainda tenho muito que trilhar. 
   Sem pressa!  Pois apressado, corro o risco de tropeçar.
   Não que eu tenha medo dos tropeços,
   mas sempre que posso costumo evitar.

   Quem quiser acompanhar meus passos,
   pode se sentir à vontade...   
   Mas tenha sempre muito cuidado,
   pois as trilhas, que eu às vezes tomo,
   podem dar em nenhum lugar.

   E assim vou tocando a vida.
   Este é o meu jeito de caminhar.

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