quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

QUEBRA CABEÇAS (PROSA POÉTICA)



NALDOVELHO

Vou mostrar como se faz: pegue um pedaço pequeno, são muitos os pequenos pedaços! Depois junte a ele outro pequeno pedaço, um que encaixe!  E prossiga assim até encaixar todos estes pedaços. Pronto, já tem uma boa parte montada, toda feita de pequenos pedaços. São os nossos defeitos e ainda bem que até aí não existem grandes pedaços, pois só temos pequenos defeitos; muitos na verdade! Nada porém muito pesado a ponto de nos impedir a jornada.

Depois, comece a encaixar os médios pedaços.  Já não são tantos quanto os pequenos, sem dúvida, bem mais preciosos. São as nossas qualidades, jóias raras, apreciadas, que não se cansam de ser exaltadas. É importante enaltecermos as qualidades e ainda que não sejam tantas, já não são mais tão escassas e nos dão à noção da importância que um dia vamos ter. Encaixe-os com cuidado! Movendo-os com atenção, são bem mais pesados esses pedaços, difíceis de serem manejados. São muitas as responsabilidades que as qualidades costumam ter.

Pronto, agora que já tem duas partes montadas, é continuar o trabalho, e não perca tempo tentando encaixar defeitos e qualidades, são incompatíveis, não se complementam. São apenas partes importantes, integrantes de um todo, que chamamos de ser.

Agora, é trabalhar os contornos, grandes pedaços, que depois de encaixados, certamente, trarão sentido e coerência ao quebra-cabeça.  Veja este pedaço! O nome dele é paixão, aquele outro se chama sensibilidade, também tem a tenacidade, a precaução, a inteligência, a percepção, a emoção, a coragem...

Veja aquele grupo de pedaços, são os nossos talentos, os nossos dons. Meu Deus quantos pedaços!  Que não são defeitos, nem qualidades e que precisam ser manuseados na medida certa da compreensão.

Não tenhas medo, é só trabalhar com cuidado, temos toda a existência para montar esse quebra-cabeça.

Viu, já está quase todo encaixado, mais um ou dois pedaços e estará montado. Fácil não!

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