NALDOVELHO
Certos poemas
permanecem encruados,
como farpas cristalizadas
em minhas entranhas.
Recusam-se aos versos
e não se revelam confessos
das palavras que a vida
ensinou pela dor.
Quando nascem,
paridos, exprimidos,
se mostram ardidos;
lacônicas escolhas,
manhãs sombrias
que o verso nos impõe.
Há aqueles,
exuberantes nas folhas,
palavras, imagens
que revelam correntes
de emoções incontidas,
em viagens, passagens,
vivências, querências,
escolhidas sementes
a mostrar que a ferida
enfim cicatrizou.
Há também aqueles
que não se permitem às palavras
por serem em excesso
em seus significados,
presentes tão raros,
como o sorriso de uma criança,
o abraço de um amigo,
o beijo da mulher amada
que de tão desejada
chega a nos causar dor.
Poemas, presentes que eu ganho,
da vida que eu vivo,
dos sonhos que eu sonho,
da lágrima exibida,
sem vergonha e assumida,
na emoção que eu trago
pelas coisas desta vida.
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