domingo, 30 de dezembro de 2012

POEMAS QUE EU TENHO (ARQUIVO)


    NALDOVELHO

   Certos poemas
   permanecem encruados,
   como farpas cristalizadas
   em minhas entranhas.
   Recusam-se aos versos
   e não se revelam confessos
   das palavras que a vida    
   ensinou pela dor.
   Quando nascem,
   paridos, exprimidos,
   se mostram ardidos;
   lacônicas escolhas,
   manhãs sombrias
   que o verso nos impõe.

   Há aqueles,
   exuberantes nas folhas,
   palavras, imagens
   que revelam correntes
   de emoções incontidas,
   em viagens, passagens,
   vivências, querências,
   escolhidas sementes
   a mostrar que a ferida
   enfim cicatrizou.

   Há também aqueles
   que não se permitem às palavras
   por serem em excesso
   em seus significados,
   presentes tão raros,
   como o sorriso de uma criança,
   o abraço de um amigo,
   o beijo da mulher amada
   que de tão desejada
   chega a nos causar dor.

   Poemas, presentes que eu ganho,
   da vida que eu vivo,
   dos sonhos que eu sonho,
   da lágrima exibida,
   sem vergonha e assumida,
   na emoção que eu trago
   pelas coisas desta vida.

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