NALDOVELHO
Já
nem sei quais lágrimas
misturadas
a tantas outras
foram
as derramadas por você.
Já
nem sei se isto importa,
pois
ao fechar-se a porta,
percebi
quão estranha é a dor
que
cada vez mais se entranha
e
deixa de ter um nome ou um rosto,
que
passa a ser apenas um desgosto
cristalizado
dentro de mim.
Já
nem sei quais palavras
melhor
definiriam sentimentos,
se
as doces por contentamentos
cultivadas
na urgência da paixão,
ou
as amargas e ainda não digeridas,
derramadas
na veemência da despedida
e
banhadas pela incompreensão.
Só
sei que em mim restaram alguns frutos,
é
bem verdade, de cica ainda incontida,
por
verdes que ainda estão,
pois
só com o tempo e amadurecida a polpa,
poderei
compreender o que são.
Já
nem sei se a poesia permanecerá presente,
ou
se irá se transformar em coisa à toa.
Só
sei que tristeza é ter que ir embora
e
levar os desenganos da vida
por
caminhos, solitárias escolhas
e
que hoje já não há mais espaço,
e
insistir no romance é embaraço,
pois
as linhas que hoje eu vejo estendidas
precisam
permanecer como guias
na
caminhada em direção ao amanhã.
Portanto,
que seja bendito o pranto,
pelas
muitas perdas assumidas,
pela
distância e pela dor consentida,
pois
ao coração resta ser forte
e
buscar novas portas, saídas,
pois
enquanto houver lágrimas soltas
vai
sobreviver o encanto
de
quem acredita que o dia
vai
amanhecer todos os dias
e
não importa o que se pense ou se diga,
haverá
em nós sempre a possibilidade
de
uma nova paixão.
Meu Deus, que fantástico, Naldo Velho, maravilhoso, pura emoção da perda de uma paixão, a dor da separação, que nos corrói a alma mas que, enquanto nos marca, vai lapidando nosso coração que se cansa, mas depois se relança em nova esperança! Inesquecível poema, sou uma bem-aventurada poetisa por conhecer vc e sua arte, bjs!
ResponderExcluir