sábado, 15 de dezembro de 2012

O MEU DESTINO (PROSA POÉTICA)

NALDOVELHO

O meu destino eu tive que traçar sozinho, e eu te juro, foi muito dura a jornada. Acho até que por conta disso o poeta acabou por ser forjado na mesma forja do guerreiro e os dois: o poeta e o guerreiro trazem em sua bagagem muitas marcas, cicatrizes, testemunhas irrefutáveis do quanto a solidão do caminho pode moldar um ser.

De paraíso, entendo não! Faz tempo trago a pele curtida pela aridez do deserto, pelo açoite dos ventos e pelas forças das águas, que no lapidar da pedra bruta, fizeram de mim o homem que hoje eu sou.

Nunca me pus à margem, posto que a desconheço, navegante em desalinho no caos que eu mesmo estabeleço, sempre me fiz um peregrino, um anjo, um caído em desterro. 

Pudores, recatos, cuidados? Não os tenho! Já te disse: sou um espírito guerreiro que acha que o seu maior pecado é teimar em aprender com o erro. Assim fui ensinado, assim eu consigo crescer.

Não luto contra o diabo, converto-o! Pois aprendi que ele mora dentro de mim, sabe tudo o que eu sei e também o que eu ainda não sei. Procuro com muito cuidado alquimizar o pecado, minhas energias e emoções, transformar em certo o errado, transmutando-o para a trilha do bem.

Minhas lágrimas são sempre suaves, mas não cultivo em mim a amargura, pois acho que por tantas batalhas, escolhas, abismos, perigos; acabei por abrir no horizonte uma porta, uma estreita passagem, de onde eu recebo aquilo que mereço, por buscar no meu desassossego a verdade por inteira, a luz e a compreensão.

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