NALDOVELHO
Preciosas contas cristalinas,
pequeninos fragmentos de um quartzo,
tudo muito bem guardado em meus guardados.
Outra parte desse quartzo em estilhaços
espalhados pelo quarto...
São tantos os pedaços,
muitos e pequeninos cacos.
Alguns poucos doloridos em meu corpo,
cravados ou espetados como farpas,
que brilham como lascas cristalinas,
que doem toda a vez que eu os toco,
que sangram toda a vez que eu os choro.
E ainda assim eu te desejo em meus braços,
é minha sina misturar dor e prazer.
Preciosos pedaços, lascas de um quartzo
que eu transmuto em cantigas, poemas.
Cantador que canta em versos seu ardor,
desencrava as palavras, estanca o sangue,
cicatriza o corte, espanta a dor.
Qual é o poeta que não tem vida sofrida?
Qual o poeta que não sofreu de mal de amor?
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