NALDOVELHO
Aquele que se faz de morto,
em silêncio esconde a lágrima
e ao negar seu pranto,
apenas se anestesia
para não permitir
que a danada da nostalgia
lhe invada o corpo.
Morde os lábios
para calar o canto
e cola em seu rosto
um sorriso frouxo,
tipo calmaria, coisa vazia,
que aborta na nascente
tudo aquilo que um dia
poderia ter sido poesia.
Ou então faz da dor, ferida latente
que vez por outra incomoda,
mas não o suficiente,
só que em suas entranhas crescem
emaranhados de teias
e ele nem sente,
até virar apenas um nome
escrito sobre a pedra fria.
Aquele que se faz de morto,
só encontra em seus sonhos
desconexas paisagens,
e não se entrega a viagens,
não se permite à coragem
e destrói suas raízes,
vira um simples adorno,
uma bobagem.
Aquele que se faz de morto,
nega o conflito à razão
e em coma induzido se esconde
e não se permite à paixão.
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