quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O AMARELADO E O ENCARDIDO (ARQUIVO)


    NALDOVELHO

   Eu vou mostrar pra você
   o amarelado e o encardido,
   as cicatrizes e o tempo 
   mordido e medido,
   minuto a minuto.

   E vou mostrar pra você
   a luz acesa nos olhos,
   janelas e portas
   quase sempre entreabertas
   e a vitrola a tocar
   antigos discos de vinil.

   Eu vou mostrar pra você
   a cama e o quarto,
   o lençol molhado,
   o travesseiro amassado,
   a estocada presente,
   a poeira na estante
   e os livros guardados.

   Eu vou mostrar pra você
   a encruzilhada e o engano,
   a descrença e a saudade,
   a ausência e a loucura,
   o vazio em meu peito
   e como as coisas
   ficaram desse jeito.

   Eu vou mostrar,
   quem sabe,
   você consiga me compreender.

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