NALDOVELHO
Conceda-me um tempo
para que eu possa estancar meu pranto
e brindar o encanto do romance que eu não vivi,
por conta da dor de tê-la visto partir,
antes que eu pudesse chorar meus versos
em tantos outros poemas
de elegia ao amor derradeiro
que o poeta sonhou por inteiro,
mas que por tamanha inquietude
de dentro de minhas entranhas,
não consegui fazer emergir.
Conceda-me um tempo
onde a dor não se perpetue em nós,
onde não existam feridas, nem cortes,
e a solidão se faça ausente,
para que as escolhas sejam, sempre e somente,
as de consolidar em nós o amor que insiste
em sobreviver a tudo e a todos.
Conceda-me um tempo
e que seja um delicado momento
de música suave e ambiente,
de água de cheiro entranhada
por todos os cantos e lados,
de lua cheia e exibida,
alcoviteira querida,
a iluminar nossos corpos,
deitados, enlaçados,
esquecidos e eternizados.
Conceda-me um tempo
para que eu possa expor meus guardados,
e ao sagrar no teu corpo um abrigo,
possa então encontrar a paz.
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